Talita Mueller Mamore
Bebê: Lorenzo
Minha concepção de vida sempre foi formar uma família. E o começo não foi difícil! Afinal, Era só parar com o anticoncepcional e namorar muito! Mas, não foi bem assim, por achar tão fácil, ficava muito decepcionada a cada menstruação. Depois de um ano e meio, exatamente na semana do meu aniversário passei muito mal, fortes cólicas no abdômen. E como boa hipocondríaca, recorri ao Google para saber o que era, apendicite! Fui para o hospital e entre os exames fiz um beta, resultado, estava gravida! Só alegria! Mas apesar de querer muito, eu achava que não precisaria me preparar para encarar os meses de gravidez! Pois bem, logo no início tive descolamento de placenta, repouso absoluto, enjoos e é claro uma dor no peito que ainda desconhecia! Dor de amor! Ainda mais quando surgiu a possibilidade de perdê-lo! Meu coração dilacerou e então pus os pés no chão, agarrei com todas as minhas forças essa gravidez! Passei a procurar obstetras e atividades físicas. Foi neste momento que descobri sobre a imposição das cesáreas pela maioria dos médicos. Mas mesmo assim até aquele momento eu estava tranquila pois alguns deles me disseram que faziam partos normais também.
Com 17 semanas, minha irmã me apresentou uma propaganda do Instituto Besser. Fiz uma "entrevista" com a Tiffany Buchmann, que superficialmente, me mostrou as vantagens do parto normal. Anunciei meu desejo para a minha família, que me surpreendeu pelo imenso apoio. Lembro que falavam, "seu corpo foi preparado para isso, é sua natureza!". Um amadurecimento incrível, principalmente da minha mãe que teve duas cesáreas. Mas meu desejo de parto normal não se tornou sonho de imediato, assim como para a maioria das mulheres, pois ao definir um médico, que nas primeiras consultas me deixou tranquila sobre o parto normal, com 6 meses de gestação, me fez umas perguntas estranhas e no final perguntou se eu sabia que doía o parto normal.
Eu achava que já estava fadada ao procedimento cirúrgico, pois a está altura do campeonato que outro médico eu encontraria? Uma angústia tomou conta de mim, rezei e pedi luz no meu caminho! E fui muito abençoada! O médico cesarista me informou que estaria viajando no mês do nascimento do Lorenzo e me passou uma lista de outros que poderiam me atender, e entre eles comentou que outra GO fazia partos normais. Compartilhei a história com a Ty, que por Deus, me indicou a mesma médica. Na hora, a Ty mandou uma mensagem para a GO perguntando se ela poderia me atender e para minha felicidade, ela respondeu que sim!
Pronto! Meu sonho estava sendo construído! Pilates + doula + GO humanizada!
Fizemos o curso com a Ty, e então entendemos como a natureza é perfeita! Mesmo que no final desse tudo errado e eu fosse parar numa cesárea, eu tinha que passar pelo trabalho de parto e viver toda aquela entrega e amor!
Depois de alguns percalços na família, tivemos que abdicar de alguma coisa, fiquei sem doula! Meu marido começou a estudar a apostila da Ty e eu fiz vários check list para o grande dia. Mas no fundo do coração, eu sabia que nós iríamos nos perder em algum momento! Dito e feito!
O último dia de trabalho na empresa foi dia 9 de setembro, depois ferias! Pensei, "agora sim vou conseguir pensar no Lorenzo!". E quando relaxei, as 6h do dia seguinte, senti um molhadinho, acordei num pulo achando que tinha feito xixi na cama, no banheiro senti um cheiro de água sanitária. A bolsa estourou! Chamei meu marido, que tranquilamente começou a arrumar o carro. Mas até sentirmos aquele amor nos invadindo, passamos por um susto. Liguei para a GO por que não sentia o bebe mexer. Fomos para o hospital, no caminho eu e o Thiago não falávamos nada. O silêncio era como um barulho, em nossas cabeças, um sentimento ruim, angustiante, que só passou quando ouvimos o coração do Lorenzo. Mas, devido a bolsa rota, queriam me internar, mesmo estando apenas com 1 cm de dilatação. Se eu ficasse ali seria um adeus ao trabalho de parto e ao parto normal. Eu vi meu marido, como nunca antes, me proteger daquilo. Fomos para casa, mas com a condição de entrar em trabalho de parto as 15h, caso contrário nem a minha GO teria como reverter a cesárea.
Até chegarmos em casa, o silêncio deu lugar a expectativa, conversando chegamos a conclusão de que não conseguiríamos cumprir o prazo sem ajuda, então a Ty entrou novamente na história. Fomos para o Instituto Besser e lá foram chás (bom e ruim ao mesmo tempo), bola de Pilates, agachamento, acupuntura. E comecei a ter flashes na memória, lembro de chorar e a abraçar a Ty, que falaram que eu tinha entrado em trabalho de parto. Fiquei super feliz! Mas sabia que era um pequeno passo, pois as contrações não estavam ritmadas ainda!
Chegando no hospital pela condição de bolsa rota, mas sem muita dilatação, 3 cm, não pude ser internada, pois não havia vaga. Fomos para outra maternidade! A Ty ficou super feliz, pois lá, ela teria condições de me atender já que na outra maternidade não era permitida a entrada de doula. Então começou um sobe e desce escada, rampa. Minha nossa, como caminhamos. Algumas horas depois não tinha evoluído muito na dilatação! Por consenso da GO, Ty, Thiago e eu, usamos oxitocina. Naquele momento o cansaço deu lugar a alegria. Até mesmo marido, sempre muito sério, começou a contar piadinhas, rimos muito! Resultado,em 2 horas dilatei até 7 cm.
Ondas de Dores horríveis passavam pelo meu corpo e pelo que meu marido conta, eu não gritei em nenhum momento, mas eu gemia baixo, até que o choro começou a fazer parte da minha vida! A Ty me deu banho, me segurou, me confortou! E eu retribui com uns apertões para aguentar a dor que parecia infinita! Quando chegamos na fase expulsiva eu não aguentava mais as dores, minha cabeça tinha uma divisão clara entre corpo e mente. O medo tomou conta e eu não conseguia controlar os tremores. Era tudo o que não podia acontecer! Eu estava atrapalhando o nascimento do meu filho!
Pedi desesperadamente analgesia, não por mim, mas pelo meu filho, pois sabia que não conseguiria tomar o controle da mente e do corpo novamente. A GO ainda aguardou e exitou o meu pedido, mas percebeu que a evolução tão linda que tive estava bloqueada. Recebi anestesia e com algumas forças o Lorenzo nasceu! Entre uma força e outra eu via o Thiago revezando com a GO para segurarem minha perna e ficarem esperando o nascimento do Lorenzo! Quase nasceu nos braços do pai! E mesmo eu tendo recebido algumas ajudas da ciência eu me considero vitoriosa, pois consegui!
Fui a protagonista desta história e o mais importante, o pai participou ativamente deste momento! Fui tratada com amor, muito amor, pela GO, pela Ty e principalmente pelo Thiago, meu super marido, que ao segurar o Lorenzo antes de cortar o cordão umbilical olhou pra mim emocionado me entregando nosso filho! O nosso filho! Cheio de saúde!
Foram 22h de uma mistura de sentimentos, amor, paz, ansiedade, medo, dor, que eu viveria quantas vezes fosse preciso. E quando eu penso nisso, eu percebo que uma mãe e um pai também nasceram neste dia! À Ty e à GO só temos a agradecer e lhes desejar coisas maravilhosas. E quanto ao meu parto? Sim! Foi humanizado! Eu decidi sobre ele! Amamos viver isso!
Consegui agora voltar de Nárnia! Mas queria dizer que não sei como um dia pensei em ter o Lorenzo sem a Ty.
Passei por todas as fases e ela do meu lado, me instruindo e dando força. Infelizmente não consegui o 100% natural. Mas porque minha cabeça e meu corpo não respondiam em concordância. Faltou-me equilíbrio! Mas se não fossem meu marido, a Ty e a GO com certeza os 100 últimos metros da minha maratona teriam sido outro! Agradeço a essa equipe maravilhosa do Besser por tudo! Ty você é um anjo!
“Naquele momento o cansaço deu lugar a alegria. Até mesmo marido, sempre muito sério, começou a contar piadinhas, rimos muito! Resultado,em 2 horas dilatei até 7 cm".
Talita Mueller Mamore



