Há um mês, meu filho, você decidiu que era o momento da sua passagem! Você escolheu a hora da sua chegada, conforme nosso combinado (eu + você + papai)! 

No alvorecer daquele domingo, quando estávamos lá, só eu e você, nos agraciando do som da correnteza daquele rio, diante da presença daquela índia e aspirando a paz da natureza, soubemos que era o momento... Seu pai, tranquilo e zeloso por nós, e assumindo seu papel patriarca, colocou-me no carro e fomos à maternidade. Nossa Doula, Ty Buchmann, nos deu suporte a noite toda, e antes mesmo de nós, ela já estava lá! Estávamos tão seguros e tomados de conhecimento, que ao chegar na maternidade, eu e seu pai sabíamos que minha dilatação estava em pelo menos 7. O médico plantonista, agindo com certo desdém, duvidou que eu estava mais do que pronta para parir, mas, depois de examinar-me, embasbacado, apenas afirmou o que já tínhamos por verdadeiro:  "É... Impressionantemente você está com 7 para 8, seu bebê nascerá hoje mesmo!". E... internamos! 

E assim seguiu nosso parto, naquela sala no centro obstétrico: Pulei na bola de Pilates... Dancei com seu pai (músicas que já havíamos selecionado para o momento do parto) e com as luzes apagadas, desfrutamos de um momento de muito romantismo e ocitocina... Seu pai leu a carta que eu havia escrito a você uns dias antes, choramos muito nesta hora! Caminhei... Tomei um banho demorado, enquanto cantava alto Wish You Were Here... Nos intervalos das contrações, tomei água, comi gelatina, almocei um nhoque delicioso, pra que jejum? 
E nossa tarde foi ganhando mais emoção, as contrações cada vez mais intensas, e aquela vontade de fazer força chegou, e então, juntos, em sintonia, lutamos um pelo outro! E a miscelânea de sensações aumentando... Choros, desejo de abster-me de continuar, desespero, ansiedade, nervoso, dor, risadas, sentimento de incapacidade e ao mesmo tempo de "sim, somos foda, estamos apavorando"... 

O tempo todo, cada segundo, pudemos contar com a honra da presença e respeito de uma obstetra humanizada, do companheirismo e amor do seu pai e da participação da Ty Buchmann, que com suas atitudes, palavras e olhar, era nítido e verdadeiro que estava amando nos doular...E por momento algum tivemos desamparados desses três, que vestiram a camisa do nosso parto de modo tão respeitoso e envolvente!

Por fim, após 16 horas de parto ativo, 12 horas na maternidade... Estávamos todos nós naquele colchonete no chão (sim, eu que quis!), e com a ajuda da obstetra, você veio! Você nasceu de um parto natural e humanizado! E agora, eu paro de escrever, porque a sensação inebriante e recompensadora desta hora, é inefável!

Agradeço a médica obstetra, por toda sua assistência e atendimento humanizado, esta, que depois me chamou de "Diva Parideira" e "Emponderada" ❤... A Ty Buchmann, por todo acolhimento e parceria, ter uma doula no parto fez toda diferença! Ao meu marido, Alison Evaristo, por todo interesse em aprender sobre o parto humanizado e então, aderir a minha decisão! Ao meu irmão, Gustavo Souza, pela parceria nos dias que precisei dele... E aos meus pais, que, independente da minha escolha, confiaram em mim, me respeitaram e jamais me julgaram. 
Obrigada Meu Deus! Obrigada pelo milagre, Nossa Senhora!

Independente da escolha do parto, da via de nascimento, seja natural ou cesárea, ambos são sublimes e marcantes, portanto DEVEM ser humanizados e a decisão da mãe respeitada por todos! 

"Cada um de nós tem o seu próprio jeito de ser
Mas tudo que foi feito só fizemos juntos
Porque você ouviu a minha
E eu, a sua voz...
...Você lutou por mim, e eu por você..."