Fabiana Vieira da Luz Godoy
Bebê: Henrique
Muito antes de engravidar, quando eu ainda era adolescente, sempre dizia que quando fosse ter um filho queria que fosse de parto normal, pois sempre tive pavor de hospital, cirurgia, acesso na veia, bisturi, enfim. Em 2012 engravidei da minha primeira filha. Morava em Ribeirão Preto e lá me indicaram um médico muito bom, que era professor da USP e era experiente. Realmente ele era um querido, mas como na época eu nem tinha conhecimento sobre parto humanizado, a única coisa que deixei claro pra ele é que eu queria um parto normal. E assim aconteceu. Tive um parto normal, mas com direito ao pacote completo, indução com oxitocina, analgesia, episiotomia e aquela posição ginecológica nada confortável. Graças a Deus deu tudo certo, mas não fiquei 100% realizada, porque devido à analgesia, eu não senti minha filha saindo de dentro de mim. E eu queria muito ter sentido.
Logo que cheguei em Curitiba comecei a pesquisar sobre médicos que faziam parto normal e me indicaram meu GO. Foi então que comecei a conhecer um pouco mais sobre parto humanizado.
Fiz os exames pré gestacionais e logo engravidei novamente. Decidi que este parto seria sem analgesia, pois queria que fosse diferente do primeiro. Só não imaginava que seria tão diferente assim.
Comecei a fazer Pilates perto de casa, mas assim que conheci a Tiffany Buchmann na feira de gestante mudei para o Instituto Besser. Eu não pretendia ter acompanhamento de doula, pois além de ser um valor a mais que eu não planejava gastar, achava que não seria necessário por eu já ter passado por outro parto.
Eu achava que meu filho nasceria bem antes da data prevista 9 de outubro, só não queria que ele nascesse dia 1 de outubro, pois era o aniversário de 3 anos da minha filha e queria que cada um tivesse seu dia. Por isso eu nem queria fazer atividades que estimulassem, somente os exercícios básicos.
Pois às 9h do dia 2 de outubro, com 39 semanas, comecei a sentir uma dorzinha que achei que fosse dor de barriga, mas não melhorou mesmo depois de ir ao banheiro. Então percebi que estava chegando a hora e comecei a marcar no relógio. Mandei mensagem para meu médico e ele disse apenas para eu tomar um banho e descansar. A dorzinha vinha a cada 8 minutos e assim ficou o dia todo. Como não estava vendo evolução e já estava ficando ansiosa, falei com a Ty e decidi que iria para o Besser. Coloquei uma saia, tirei as últimas fotos da minha barriga, peguei minhas coisas e fui. O detalhe da saia é porque eu tinha medo que o bebê nascesse no carro, pois depois que assisti a um vídeo em que uma mulher dava a luz de calça jeans dentro do carro, fiquei com medo que isso acontecesse comigo também, por isso achei melhor me prevenir. Parece até que eu já estava prevendo que meu parto não seria no lugar mais indicado.
Cheguei no Besser por volta das 19h e a Ty já estava me esperando. Fui direto para a sala dos encontros e já comecei a pular na bola de Pilates, tomei o chá mexicano (que nem achei tão ruim), acupuntura, escalda pés, caminhadas pelo Besser, agachamento, ganhei até frutinhas na boca. Depois dos mimos das meninas o bicho começou a pegar. As dores foram aumentando e os passos foram ficando cada vez mais difíceis. Eu já não queria mais andar, mas sim engatinhar de tanta dor. Quando me deixaram deitar para descansar um pouco, eu não queria mais levantar, queria dormir. Estava louca para ouvir a Ty dizer que já era hora de ir para a maternidade, pois aí eu sabia que estava bem perto da chegada do meu príncipe. Quando ela disse para irmos, fui chorando de dor, mas feliz porque "o momento" estava próximo.
Chegamos na maternidade perto das 3h, a médica de plantão fez o toque e só ouvi ela dizer, "9 cm para 10 cm". Meu GBS havia dado positivo, tinha que tomar o antibiótico, e como tenho agonia de ver acesso no meu braço, perguntei se não tinha outra forma de tomá-lo, mas infelizmente não. A hora que sentei na maca, ao mesmo tempo que tomava o antibiótico, senti um rio descendo pelas pernas. A bolsa havia rompido. Trocaram minha roupa e a partir deste momento não sei muito bem o que aconteceu, só sei que ficamos muito tempo aguardando para que nos levassem até o centro obstétrico, até que lembro que a Ty tomou atitude, pois viu que o bebê estava prestes a nascer, me segurou por um braço e a Alline no outro e fomos. Eu mal conseguia andar de tanta dor. Nem sei como consegui subir até o segundo andar pelas escadas, só sei que a cada passo que eu dava, já me agachava de cócoras gritando, gemendo ou chorando e a Ty dizia pra eu não gritar, respirar fundo e guardar minha energia para fazer força. Como meu médico ainda não havia chegado, estavam me levando para o centro obstétrico. Mas de repente eu parei de cócoras no meio do corredor, me apoiei em meu marido e senti algo diferente saindo (além de toda a sujeira que já saía). Eu só lembro de ter dito, "ele está saindo!". Então a Ty disse que estava sem luvas, chamou a enfermeira que estava no posto de enfermagem, está já veio correndo colocando as luvas e assim que ela segurou a cabeça do bebê lembro da Alline dizendo, "faça uma força bem comprida". E assim eu fiz a maior força que consegui, dei um grito e meu filho saiu por completo. Ele quis nascer ali, no corredor da maternidade.
A enfermeira entregou ele pra mim e quando vi aquela "coisinha" quentinha me olhando em silêncio, apenas piscando, parecia até me admirando, senti algo inexplicável. Me emociono toda vez que lembro da cena.
Vi que logo surgiu uma pequena "plateia" de enfermeiras ou auxiliares parecendo não acreditar no que estavam vendo ali no meio do corredor e uma questionando a outra de quem era a culpa pelo acontecido. Nem prestei atenção no que estavam falando. Para mim nada importava além daquele serzinho no meu colo, me olhando com cara de prazer em me conhecer, mas o prazer era todo meu.
O meu médico logo chegou, começou os procedimentos ali mesmo e entregou a tesoura para que meu marido cortasse o cordão. Ele meio apavorado acabou aceitando e depois me contou que foi uma experiência única. O médico cobriu meu bebê, entregou para meu marido e foram para o berçário. Eu deitei na maca que trouxeram e fui para o centro obstétrico dar alguns pontos na laceração que tive. Depois disso o médico disse que eu já poderia ir embora de bicicleta e a enfermeira se despediu de mim dizendo, "até ano que vem".
Mas meu sonho como mãe sempre foi ter um casal de filhos. Deus me deu estes presentes e já estou completamente realizada.
Agradeço a todos que participaram de alguma forma deste dia tão especial, a Ty que mesmo sendo contratada de última hora me atendeu com muito carinho e profissionalismo e com sua experiência ajudou a minimizar meu sofrimento, a Alline que me ajudou não só no dia como em todo o período em que fiz as aulas de Pilates, meu marido por estar ao meu lado mesmo sem saber muito o que deveria fazer, à enfermeira por ter agido rapidamente e ter me ajudado a segurar nosso bebê, aos médicos, enfermeiras e auxiliares, pois fui bem atendida por todos e em nenhum momento me senti vítima da famosa violência obstétrica que traumatiza muitas mulheres. E agradecer principalmente a Deus, por nos acompanhar e não deixar que ocorressem complicações naquele momento que estávamos sem assistência médica, me trazendo um filho lindo e perfeito, tornando esta experiência inesquecível.
“Cheguei no Besser por volta das 19h e a Ty já estava me esperando. Fui direto para a sala dos encontros e já comecei a pular na bola de Pilates, tomei o chá mexicano (que nem achei tão ruim), acupuntura, escalda pés, caminhadas pelo Besser, agachamento, ganhei até frutinhas na boca".
Fabiana Vieira da Luz Godoy



