Cauara Medina dos Anjos
Bebê: Joaquim
Dia 7 de maio, um dia antes do Joaquim nascer. Quando levantamos as contrações já estavam fortes, mas ainda não havia chegado a hora, era véspera do dia das mães, eu e o Marlon fomos ao shopping comprar o presente das nossas mães (que acabamos nem dando), lá minhas contrações vinham entre 6 e 10 minutos, não aguentava ver aquele monte de gente no shopping e pedi pra voltarmos embora o mais rápido possível. Chegamos em casa e fui descansar como a nossa Tiffany Buchmann orientou, minha mãe colocou uma bolsa de água quente nas minhas costas e consegui dormir um bom tempo. Por volta das 16h não aguentava mais, fomos na frutaria e logo depois ao encontro da Ty, teve muita caminhada, bolsa de água quente, pulei na bola, mas o que eu queria mesmo era dormir. Deitei um pouco e consegui dormir, nisso as contrações ficaram mais espaçadas, Joaquim ainda demoraria a nascer, então voltamos pra casa e dormimos.
É tão bom lembrar desses dias tão especiais, hoje a cada hora que passava vinha uma lembrança diferente, a cara de preocupada da minha mãe, o Marlon tentando esconder a ansiedade, eu querendo desistir de parir pra poder dormir.
Eram mais ou menos 4h da manhã e eu não aguentava mais as contrações, eram muito fortes, eu já estava bem cansada, o Marlon estava o tempo todo em contato com a Ty, que nos orientou a entrar no chuveiro, lá fui eu pro chuveiro e finalmente as contrações pegaram ritmo, a água aliviava a dor e durante as contrações eu ficava de cócoras, depois de uns 40 minutos sai do chuveiro, o Marlon me fez um monte de comida, pão com ovo, suco de laranja, fruta, me entupiu de comida e depois começamos a andar pela casa, durante as contrações eu ficava de cócoras, depois andávamos mais, elas foram ficando cada vez mais intensas, lá pelas 5h nós fomos ao encontro da Ty, andar de carro era terrível, o que eu mais queria era me movimentar, andar, sair correndo. Com a Ty junto o trabalho continuou, andamos muito, teve muita massagem nas costas, muita bolsa de água quente, até que as 8h da manhã minha bolsa rompeu, que sensação maravilhosa, ali eu percebi que o Joaquim chegaria logo, eu estava muito calma, o Marlon bem ansioso, mas me dando muito suporte. Eu sabia que tínhamos que continuar e mesmo cansada continuamos, cada um fazendo a sua parte e o trabalho de parto evoluindo. Tomei mais um banho bem longo, as contrações já estavam a cada 3 minutos, sai do chuveiro, logo depois a Ty disse que estava na hora de irmos pra maternidade (acho que foi logo depois, a gente perde a noção do tempo). Então lá fomos nós, eu e o Marlon, que caminho longo, estávamos cada vez mais perto, a apenas algumas horas de conhecermos nosso bebê. Eram 10h quando chegamos na maternidade, logo fui avaliada e estava com 8 cm de dilatação, em seguida fomos pra o centro obstétrico. Lá encontramos um enfermeiro incrível, que Deus colocou pra gente, as palavras dele foram, "o seu bebê só precisa de você e você só precisa dele (apontando para o Marlon)", ali éramos nós três, era apenas a nossa família, era o nosso começo, o Marlon me fez achar forças onde já não sabia que tinha. Eu já estava esgotada e com muito sono, mas ele não me deixou deitar, não queríamos nenhum tipo de intervenção e pra isso precisaríamos fazer o TP evoluir. Veio a obstetra fazer o exame de toque e nos disse que o bebê estava olhando para minha perna direita e se ele não rodasse sozinho teria que ser feito uma manobra, além disso falou que meu TP estava muito lento e que se não evoluísse rapidamente ela me colocaria no soro, nisso o Marlon pediu pra eu ter força que conseguiríamos e começou a caminhar comigo, nessa hora a dor já era bem menor, bem suportável, em cada contração ficávamos de cócoras, o Marlon abaixava comigo e fazia massagem, ele dizia que nós iríamos conseguir, ele foi forte junto comigo e o Joaquim Noah finalmente rodou. Eu estava sentada, entre uma contração e outra nós conversávamos, foi nosso momento, só nós, uma confiança, uma cumplicidade que construímos nesses três dias que não poderia se construir em uma vida. O Marlon pediu pra olhar e nessa hora viu os cabelinhos do nosso bebê, a hora tinha chego, ele estava nascendo, o Marlon foi correndo chamar a GO, veio uma equipe inteira, eu subi na maca, foi tudo muito rápido, pediam pra eu fazer força, já não sabia se estava ou não tendo contração, o Marlon do meu lado, eles ensinando um acadêmico a fazer parto, não sei quantas forças foram, mas a médica falava pro enfermeiro não apoiar o dedo na testinha do bebê, eu sabia que ele já estava ali, depois disso foi uma força e eu pari. O Joaquim Noah nasceu, foi colocado em cima da minha barriga, ainda preso a mim pelo cordão umbilical, nessa hora olhei no relógio a minha frente e eram exatamente 14h, o bebê que lutou com a gente pra nascer da forma que queria havia chegado, estava no meu colo, a minha felicidade não cabia em mim, era o dom da vida, éramos nós três.
Esse é nosso relato, nosso relato de dor, amor, cumplicidade, companheirismo.
“É tão bom lembrar desses dias tão especiais, hoje a cada hora que passava vinha uma lembrança diferente, a cara de preocupada da minha mãe, o Marlon tentando esconder a ansiedade, eu querendo desistir de parir pra poder dormir."
Cauara Medina dos Anjos

