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Bruna Luiza Coelho Sturm Antunes
Bebê: Lucas

No dia 6 de Abril fui com meu marido participar do Curso de Capacitação de Casais em Parto Normal no Instituto Besser. Até esse dia eu sentia total confiança em minha médica, desde o início eu falava que queria parto normal (e ela estava de acordo). Também até o momento eu não tinha noção do papel da doula, de como seria entrar em trabalho de parto, das consequências de uma cesárea "agendada" e tudo mais. Eu acreditava na "bondade" dos hospitais e maternidades em respeitar o desejo da parturiente. Meu marido mesmo estava de certa forma perdido e alheio em meio a esse processo de sermos pais pela primeira vez. Tudo mudou depois do curso.
Ambos sentimos uma insegurança tremenda em relação ao porvir. Mas, até certo ponto, não desesperados. Afinal, eu estava com 34 semanas, havia tempo para estudar, aprender, buscar informações. Entrei em contato com a Tiffany Buchmann no início da semana seguinte e senti um grande conforto ao decidir (e ela em aceitar) tê-la como minha doula. Dois dias depois decidi visitar a maternidade, principalmente para conhecer as salas de parto humanizado. Eu e meu esposo definimos que ali eu iria entrar em trabalho de parto. Os planos para os dias seguintes seriam nos instruir mais e elaborar o plano de parto.
Na terça-feira seguinte, dia 16 de Abril eu estava entrando nas minhas 36 semanas de gestação. Antes de dormir, liguei para meu esposo, que estava viajando a trabalho, no outro extremo do estado (tínhamos acordado que era a última viagem dele, rsrsrs). Contei que eu estava me sentindo ótima, nenhuma dor. Naquela tarde havia ido à minha aula de Pilates e feito drenagem linfática. Entretanto, às 1h30min da madrugada, levantei da cama e instantaneamente senti sair um "xixi". Minhas pernas tremeram de medo, eu não queria acreditar que era a bolsa rompendo. Não era possível, 36 semanas exatas, uma gestação muito tranquila. E eu SOZINHA. Tudo que menos desejei no mundo era entrar em trabalho de parto sem ter meu marido ao meu lado.
Primeira reação que tive foi ligar para a Ty. Logo tínhamos a certeza que, sim, a bolsa havia rompido. Nenhuma dor até o momento, mas meu corpo tremia de desespero por não ter meu esposo ali, não ter preparado o quarto do bebê, não ter arrumado as bolsas da maternidade, por nem saber o que colocar nelas, por não ter terminado a reforma da casa, por incontáveis razões. Para ajudar, meu marido não atendia o celular. E a Ty, percebendo meu desespero, me aconselha a tomar um banho quente. As cólicas haviam começado. Pelo menos o banho era relaxante. Finalmente meu esposo me liga, e conto a surpresa. Ele diz que consegue chegar em 6 a 8 horas. Fico aliviada, porque teria até 12 horas para internar.
A Ty vai me orientando e dando suporte emocional, enquanto preparo tudo que preciso levar à maternidade, ouvindo minhas músicas favoritas. As dores vão aumentando, mas ainda não há um ritmo, deduzo estar nos pródomos. Sinto otimismo, havia tempo para preparar tudo e logo meu marido chegaria. As horas passam, mas não percebo, e subitamente as contrações ficam muito fortes e frequentes. Eu me perco tentando registrá-las no Contraction Timer. O meu corpo começa a tremer bastante e a Ty me explica que é normal, pois o rompimento da bolsa libera também o hormônio da adrenalina.
Eram 5 horas da manhã. Tentei novamente outro banho, mas mal conseguia caminhar. Também me lembro de começar a perder o controle racional das coisas. Queria desesperadamente ir à maternidade. Eu estava prestes a chamar um Uber, quando a Ty diz que seu marido poderia me buscar (ela já estava na maternidade em outro parto). No primeiro minuto racional (entre as contrações) senti vergonha, parecia desnecessário incomodá-lo. Bastou a contração seguinte começar e a dor consumir minha racionalidade para eu rapidamente mudar de ideia e aceitar ajuda. Liguei para minha médica obstétrica informando que a bolsa havia rompido e eu estava indo ao hospital. Ela disse que logo me encontraria lá.
O Érico chegou em questão de minutos. Ele gentilmente havia preparado o carro com toalhas e me ajudou a entrar. Deitei no banco de trás com muita dor. Ele deu a partida e disse que iria devagar, porque eu estava com náuseas e não tínhamos ainda certeza do ritmo das contrações. Estávamos tentando decifrar o intervalo das contrações, mas a dor não parecia intermitente. Doía e doía, quando veio aquela vontade forte. Falei pra ele, e ele me dizia pra tentar segurar, enquanto acelerava cada vez mais. A vontade de "expulsar" era muito forte, vinha em curtos intervalos de tempo. Quando eu sentia que não daria tempo de chegar à maternidade, pois já parecia impossível segurar, o Érico me diz que na curva seguinte estaríamos na maternidade. E eu me esforcei segurando.
Felizmente as portas do carro se abrem. Não sei como, já me vi sentada em uma cadeira de rodas na recepção da maternidade. A Ty vem, segura na minha mão com firmeza e olha nos meus olhos com um grande sorriso transmitindo uma sensação de conforto indescritível. "Ta nascendo, ta nascendo", é o que mal consigo falar, enquanto minhas pernas tremem. E ela me diz que estava tudo bem, não precisava mais conter a vontade do expulsivo. Eu não tinha noção da hora, mas depois vejo nos registros que fui internada às 6 horas, tampouco percebi a ausência da minha médica. Para minha surpresa, aparece na minha frente outra GO, apresentando-se e oferecendo ajuda com um simpático sorriso. Não penso duas vezes, aceito desesperadamente toda e qualquer ajuda. A dor era "insuportável".
Logo me vejo no quarto, onde todos se preparam rapidamente para a chegada do meu bebê. Subo na cama e sento em um banquinho em forma de "C". A Dra mede minha dilatação enquanto a Ty me orienta na respiração durante as contrações. Pergunto se a doutora conseguia sentir algo e ela diz que sim, sugerindo que eu mesma tocasse. A emoção de tocar meu filho pela primeira vez faz com que eu me concentre. Na contração seguinte faço força e sai a cabecinha. Respiro fundo mais uma vez e, ao expirar, sai o restante do corpinho. Na próxima respiração já não sinto dor alguma, pelo contrário, sou tomada por indescritível felicidade ao ter nos meus braços o meu pimpolho. Nasceu às 6h18min, com 45 cm, pesando 2,745 Kg, prematuro de acordo com a Medicina, pronto para o mundo segundo ele. Uma experiência mágica de parto humanizado! Só tenho a agradecer toda a equipe que me amparou de forma respeitosa.

"Felizmente as portas do carro se abrem. Não sei como, já me vi sentada em uma cadeira de rodas na recepção da maternidade. A Ty vem, segura na minha mão com firmeza e olha nos meus olhos com um grande sorriso transmitindo uma sensação de conforto indescritível".
Bruna Luiza Coelho Sturm Antunes
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