top of page

Aline Brito Freitas de Queiroga
Bebê: Heitor

Eu sempre quis ser mãe, mas não tinha planos imediatos para que isso acontecesse. Tinha um diagnóstico de endometriose, o que atrasava ainda mais a ideia da maternidade na minha cabeça, no meu último preventivo o ginecologista tinha feito questão de me dizer que eu só teria filhos fazendo um tratamento..E olhe lá (palavras dele).

Enfim, um dia parei de menstruar e comecei a sentir uma fome violenta. Pensei, "endometriose!" Vou voltar a tomar anticoncepcional pra ver se regula a menstruação que está uma bagunça. O Diego, meu marido cantou a bola, por que você não faz um teste de gravidez? Meio relutante eu fiz e deu positivo! Senti o susto mais feliz da vida. E ali começava uma trajetória de preparativos para a chegada do nosso bebê. Decidida por parto normal procurei vários médicos até me sentir segura com uma em especial. Já estávamos quase certos da companhia de uma Doula durante o parto e a certeza da importância desse acompanhamento veio na consulta com a GO, totalmente a favor da presença da Doula junto à parturiente.

Conhecemos a Tiffany Buchmann, nos apaixonamos por ela e finalizamos todas as nossas pendências para esperar o nosso Heitor, que estava previsto para o final de julho. Fiz algumas sessões de acupuntura, escalda pés, chazinhos... E eis que no dia 21 de Julho acordei às 7h rompendo bolsa! Feliz da vida aviso a Ty e a GO. A Ty me manda caminhar por 45 minutos e a médica me manda fazer o que a Ty mandasse! Disse pra eu ficar atenta à cor do líquido que continuava saindo (sim, a bolsa rompe e continua saindo líquido da gente) e aos movimentos do bebê.

Se o líquido ficasse escuro e ou o bebê parasse de mexer era pra avisá-la. No final da caminhada já estava sentindo uma cólica bem forte, que terminava nas costas. Tomei um banho e a dor foi intensificando cada vez mais... Fui pro Studio e lá fiquei no circuito caminhada e cócoras. Perdi a noção de tempo e espaço. Quanto mais intensas as dores, maior a sensação de abstração que eu sentia. Eu realmente estava fora de órbita, sem saber o que eram minutos e o que eram horas. Sentia dor, mas também sentia uma sensação muito boa que não sei que nome dar. Era a chegada do meu menino! Às 15h internamos na maternidade e só alegria! Cheguei com 9 cm de dilatação! Pensei, "está acabando". Entrei na banheira e deixei fluir a vontade de fazer força. Fiz muita força! E muitas vezes! Mas não tinha acabado ainda. De tempos em tempos a GO me interrompia pra escutar o Heitor, depois que eu fui saber que isso acontecia de hora em hora. Como eu estava sem controle do tempo, pareciam uns poucos minutos.

Depois de um novo exame de toque a médica constatou um assinclitismo, o Heitor não estava com a cabeça alinhada com a minha pelve. Com isso, eu fazia força mas ele não descia, a cabeça não encaixava pra sair. Orientação, caminhadas, "reboladas" e cócoras. E nada de banheira pra aliviar a dor! Lembrei algumas vezes do curso e de quanto a Ty nos falou que em um momento ou outro do trabalho de parto toda mulher quer desistir e implora por anestesia, por cesariana... Eu estava tão focada e concentrada no que estava acontecendo ali, no nascimento do meu menino, que me proibia até de pensar em desistir. Que dirá em falar! Só queria fazer a minha parte para que ele nascesse. E confiava plenamente na minha equipe, tinha certeza que se alguma coisa estivesse errada eles me diriam.

Eu não queria saber quanto tempo ainda faltava, não queria saber se havia risco de uma cesariana... Nada disso! Só queria fazer força e seguir todas as orientações que me davam. Em certa altura me pediram pra ir pra maca porque seria feita a tentativa de rotação manual da cabeça do Heitor. Lá fui eu! E eis que entra na sala o outro GO, professor da minha médica pra fazer essa tentativa! Mais tarde fui saber que naquele momento cogitava-se o uso de um fórceps de rotação e que o GO, que estava ali na maternidade atendendo a outra paciente, ajudaria a minha GO nessa manobra. Sem dó nem piedade o Dr. rodou a cabeça do Heitor! Vi muitas e muitas e muitas estrelas nesse momento, e saiu da boca o primeiro grito do trabalho de parto! Logo a Ty me levou de volta pra banheira e eu senti uma imensa vontade de chorar e gritar de dor. Foi então que eu senti uma mão firme segurando a minha e um olho no olho. "Agora não é hora de chorar, não é hora de desesperar. Seu filho vai nascer! Se concentre e use toda a energia pra fazer força!", me falou a Tiffany. Respirei fundo e continuei. Chegamos à conclusão que o Heitor adorava água! Dentro da banheira ele relaxava junto comigo e parava de descer, então eu teria que sair de lá pra que ele nascesse. Fui para a maca e depois de algum tempo (não sei se horas ou minutos) meu menino chegou! E eu senti a maior alegria da minha vida! Ver meu pequeno nascendo foi... Demais. Ainda não inventaram palavras para descrever essa sensação. Foi lindo, foi mágico, foi desafiador e foi a maior superação do meu corpo. Conseguimos isso!

Como mulher me sinto grata demais pela experiência transformadora que é parir. Foram 13 horas de Trabalho de Parto, 5 delas no período expulsivo. Não quis analgesia (tinha mais medo dela que da dor) então pude vivenciar tudo o que aconteceu ali. E no minuto seguinte ao nascimento do Heitor me peguei pensando, "entendi porque fazemos isso. Entendi porque a natureza trabalha dessa forma e sentimos tanta dor pra dar à luz. O parto é só o começo. A maternidade requer uma mulher forte!" E saí dessa experiência muito mais forte. Não acredito que mulheres que precisam recorrer a uma cesariana são menos mães e nem nada disso. Acho que existe um propósito para cada coisa e o bem maior deve sempre ser preservado, saúde da mãe e do bebê.

Além do que cada caso é um caso e cada mulher uma mulher, posso falar apenas por mim. Mas ao parir me senti uma mulher tão incrível quanto a mais incrível das mulheres, que pra mim é a minha mãe! Me vi como ela e me senti pronta pra cuidar daquele serzinho tão pequeno que dependia só de mim. Agradeço a toda equipe linda que me ajudou nesse dia. Quero de novo! Àquelas que já estão com seus bebês no colo, hoje compartilhamos de uma mesma emoção. É único. Indescritível. Àquelas que ainda aguardam a chegada dos seus bebês, desejo serenidade, paz, força e a presença de muitos anjos com vocês na hora H. Posso dizer que tive um trabalho de parto mais complicado que o previsto e ainda assim digo que valeu muito a pena resistir e esperar. Valeu insistir. Valeu o preparo que foi feito desde o início da gravidez no corpo e na mente.

"Chegamos à conclusão que o Heitor adorava água! Dentro da banheira ele relaxava junto comigo e parava de descer, então eu teria que sair de lá pra que ele nascesse. Fui para a maca e depois de algum tempo (não sei se horas ou minutos) meu menino chegou"!
Aline Brito Freitas de Queiroga
Curso de Parto Normal Online
  • YouTube Manual do Parto
  • Instagram Manual do Parto
  • TikTok Manual do Parto
  • Facebook Manual do Parto
  • Telegram Manual do Parto
Curso de Parto Normal Online
bottom of page